153- Óculos
Em uma família onde pai, mãe e
irmão usam óculos há algum tempo, juntar essa realidade a minha é chover no
molhado.
E nem posso reclamar, só
agradecer. A necessidade sentida não pode ser ignorada após os 40 e tá ótimo.
Quantas estripulias já fiz!! Meus
olhos também precisam de descanso e vitalidade.
O uso é para a proximidade,
para as letras pequenas e para os detalhes. Quando a clareza me faltou precisei
ir de encontro a solução.
Óculos novos em mãos, com as
lentes no grau corrigido me pus a olhar o meu rosto no espelho de casa.
A ideia era visualizar os
detalhes da armação em mim. Se estava tudo realmente combinando.
Que ingenuidade a minha.
Olhei de tudo, menos a armação.
Achei novas linhas de expressão
ao lado dos olhos, vi que a o bigode chinês estava mais fixo, os poros da
bochecha mais abertos, a pela um pouco mais flácida. Aff. Cheguei a achar que o
óculos estavam com algum problema (rs*).
Retirei rapidamente o acessório
novo e me olhei novamente no espelho agora sem ele. Enxergava as linhas, mas
não na profundidade anterior, nem mesmo os poros estavam tão abertos. A
flacidez, essa não teve alteração, continuava ali.
Coloquei os óculos novamente e
desta vez me olhei nos olhos. Vi como eles são lindos. Com o arco no castanho e
a íris em um caramelo dourado claro. No encantamento dos detalhes a tristeza
foi embora e pude olhar novamente para minhas marcas na certeza que elas
carregam histórias.
É sempre muito fácil falar sobre
os efeitos da idade quando é para o outro.
Quando falamos de nós preferimos que
a imagem seja sem a ajuda do óculos, sem a amplitude dos detalhes.
A ciência esta aí para nos
auxiliar nesse processo deixando as marcas mais leves. Dentro de uma justa
medida façamos sim uso daquilo que pode contribuir para nossa autoestima, sem
esquecer jamais de cuidar dos olhos da alma.
Porque como diz Antoine de
Saint-Exupéry “O essencial é invisível aos olhos”.
Foto de charlesdeluvio na Unsplash
Comentários