178- Um cheiro!
Há eu gosto de um perfume viu!
Sou apreciadora – creio que desde
sempre – de um cheiro bom.
De quando a casa foi limpa, de um
banheiro perfumado, das roupas com aquele toque de amaciante, ou até somente do
bom cheiro do sabão.
Pensando bem aqui com meus
botões, gosto sim, desde sempre de bons cheiros.
Lembrei-me de que gostava muito
dos cheiros de minhas bonecas (memória afetiva acionada com louvor), dos
cheiros dos sapatos novos, ahh dos cheiros das Melissinhas.
Cresci com essa identidade
olfativa.
Aqui em minha região, as boas
lojas costumam borrifar a fragrância que identifica a sua personalidade, por
exemplo, nas lojas de crianças o cheirinho é mais doce, nas de cosméticos um
pouco mais cítrico, nas lojas femininas um cheiro envolvente e nas lojas
masculinas amadeirado. E eu simplesmente adoro.
Lembro-me de quando criança minha
mãe ao olhar as revistas Avon questionar o que eu queria. A resposta estava
na ponta da língua, um perfuminho e o brilho em formato de morango. Não saia de
casa sem aquela borrifada no peito.
Fui criada assim, fomos, eu e meu
irmão. Com a casa cheirosa, da limpeza às comidas. Crescemos tendo como exemplo
nossos pais nos orientando com essa particularidade que tão bem faz a higiene
humana.
Cresci e de nada mudei (mentira
né, hoje sou mais seletiva quanto aos cheiros que quero para mim). Não gosto de
excessos, gosto de presença. Daquele perfume que não deixa o outro ou a mim
enjoados, mas que faz com que se lembrem de por ali passei.
E lá em casa não é diferente.
Nossos filhos não perdem a oportunidade de estarem cheirosos (mesmo que seja a
custa dos perfumes do pai, do avó, do tio, do padrinho, dos cremes da
mamãe...).
E ai pensando sobre o olfato e a
presença fui questionada internamente. E aquelas pessoas que não usam do artifício
dos perfumes e quando lembramos delas conseguimos sentir até o seu cheiro?
A presença do outro impregna em
nós sua história, suas vivências, povoa nossa memória.
Uns quando lembrados trazem o
cheiro do cigarro, da colônia e outros tem cheiro do céu.
Ah o cheiro do céu.
Aquele perfume que não
conseguimos descrever, aquela presença que abraça mesmo estando ausente. Aquela
paz inexplicável.
Existem pessoas que tem cheiro do
céu.
Termino o texto com a saudação
nordestina bem mineira – Um cheiro, um abraço e FicoDeus.
imagem: https://www.pexels.com/pt-br/foto/maos-mulher-campo-area-10536609/

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