77- Simplicidade!

Dias tumultuados... vida tumultuada...

Uma semana desafiadora, política e economia trocando as pés pelas mãos e como somos produto do meio sofremos as causas dessa desconjuntura.

E não tem como deixar de fazer uma comparação com nossas vidas...

Com a intenção de deixar tudo organizado, bonito aos olhos dos outros, maquiamos nossas vidas, nossa história e ficamos como bonecos de porcelana, ocos por dentro.

Vejo relacionamentos desfeitos como se fossem castelos de areia alinhados a beira do mar, duram enquanto a onda forte não os derruba.  O que sobra serve de material para um novo castelo e assim levam a vida, derrubando e erguendo castelos sem bases concretas. Feridas ficam e a cura não tem espaço para acontecer.

Vejo famílias perdendo seus entes pela ânsia do melhor. E é algo tão mecânico, tão direcionado, que chega ser até mesmo impossível dizer que estão errados. Melhor casa, melhor carro, melhores roupas, melhores passeios, melhores amizades, quando algo foge desse padrão o desespero toma conta.

Vejo encontros de amigos perdendo o brilho das risadas compartilhadas porque todos estão ocupados demais postando imagens, trocando mensagens.

Vejo pessoas mudando de religião como se mudassem de roupa, vestindo assim o que é mais confortável ao momento, sem muito compromisso.

Vivenciamos a era da Superficialidade, o profundo nos assusta, o compromisso nos afasta.

E assim vamos levando nossas vidas, sem essências, sem firmeza nas palavras, sem comprometimento. Queremos mudar o mundo, mas não queremos que a mudança aconteça primeiro em nós... complicado demais!

A incerteza dos dias gera angústia tamanha, arranca de dentro d’alma lágrimas há tempo contidas. Estamos todos trocando os pés pelas mãos, complicando a simplicidade.

Observando uma criança na aventura de seus primeiros passos, vejo o quanto precisamos aprender com elas. Um passo por vez, equilibrando o medo. Quando a queda acontece, a lágrima pode até aparecer mas a vontade de chegar mais longe é maior do que o medo, e elas seguem sem olhar se estão calçadas com o sapato mais caro ou se estão descalças, apenas seguem, porque não SABEM complicar o que é SIMPLES.

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