27- Roda


Para mim não existem coincidências... tudo que nos acontece é de forma providencial. (Essa é a minha opinião, respeito opiniões diferentes)

Em minhas observações tenho tido cada vez mais certeza de que as ciências que insistem em dizer que é necessário evitar traumas na primeira infância, estão cada vez mais erradas e fazem com que nossos passos sejam em direção a uma sociedade falida.

Vou explicar o porque dessa afirmação.

Se você ainda não tem filhos, com certeza tem alguma criança próxima (sobrinho, vizinho, filho do colega de trabalho...etc). Antes de falarmos deles, voltemos a nossa infância, aos valores passados por nossos pais.

Irei falar de mim, mas lembre-se de sua criação. Na minha época, professor tinha status de respeito, não era apenas mais um profissional que prestava serviços para mim e minha família. Esse respeito era imposto primeiro pelos meus pais. Dentro de sala, o que o professor falava era regra e ficou com certeza gravado para minha vida toda. Esses não eram santos, erravam como todo ser humano erra e eram cobrados por isso nas reuniões de pais e mestres. Erámos motivados a aprender e tirar notas boas, porque "tomar bomba" era algo ruim e perigoso para nosso futuro.
Bullying. o que era isso? Não existia essa nomenclatura. Quantos de nós e por quantas vezes tivemos nossos nomes trocados por apelidos pejorativos. Chorávamos, éramos consolados por nossos pais, aprendíamos a viver com aquela situação e a vida seguia rumo. 
Meus pais durante toda minha formação de personalidade foram responsáveis por me instruírem na fé, moral e ética, não repassaram a terceiros essa responsabilidade. Fui criada e educada entendendo que o mundo não gira em torno do meu umbigo, que as pessoas nem sempre terão o mesmo pensamento que o meu, que minha opinião nem sempre será valida (estando ou não correta), que preciso partilhar emoções, dividir objetos, ter objetivos e fazer por onde para que esses sejam realizados. Meus pais sempre puderam me repreender quando achavam necessário, nenhum órgão os discriminava por isso. E hoje sou resultado de minhas escolhas (nem sempre corretas). Tento ser uma filha presente, uma profissional qualificada, uma mãe de família correta. Tenho traumas? sim, todos temos, mas procuro identificar e resolve-los. Confesso que quando não culpo os outros por meus traumas, tirando deles a responsabilidade de minhas possíveis infelicidades, consigo resolver essas pendências com mais facilidade e caminhar com mais leveza.

E hoje, o que acontece? Professor não tem mais status de Mestre, de respeito. É tido como apenas mais um profissional que nos presta serviço. Sua palavra não tem mais peso, alias a palavra de qualquer um de seus alunos vale muito mais do que a dele, estando certo ou errado. São até mesmo orientados a isso - a se submeterem aos caprichos de seus alunos e de seus pais. Até uma determinada idade as crianças não "tomam bomba" e sabem porque? Porque para os profissionais da educação, esses não tem estrutura para enfrentarem esse trauma, que acarretará em consequências negativas em seu futuro. E o que acontece? Mesmo não preparadas seguem em diante, e nos anos seguintes carregam o fardo do não aprendizado e são muitas vezes vítimas de "bullying", taxadas como "burras". Como não estavam preparadas para resolverem seus traumas, transformam situações em grandes desastres. Quantas foram as manchetes noticiadas nos últimos 2 anos, sobre adolescente que matam e morrem em suas escolas?
Com a desculpa de que trabalhamos muito, terceirizamos nossas obrigações familiares e esperamos um resultado super positivo. Não podemos repreender de forma efetiva nossos filhos, porque podemos ser denunciados a algum órgão competente durante seu processo de formação infantil, mas podemos ver depois de seus 18 anos policiais utilizando de arrogância, prepotência e força na repreensão.
Com a orientação da ciência, instruímos nossos filhos a serem felizes, mesmo que para isso tenha que pisar nos sentimentos das pessoas. Dividir não é prática, suas opiniões sempre estarão certas, suas vontades sempre feitas. Dizemos mais SIM do que NÃO, porque não podemos gerar traumas. Presença é trocada por presente.
Fazendo uma análise rápida, como estão os profissionais que nos atendem nos diversos setores que utilizamos? Na sua maioria são dedicados? Conseguem resolver seus dramas diários? São resultado das escolhas que fizeram por eles durante toda a vida, querem sucesso a todo custo, não valorizam a vida, não conseguem respeitar porque não foram instruídos para isso, responsabilidade só se lhes convir - mesmo porque quando não querem se responsabilizar, terceirizam.

Sou grata e muito grata por toda a evolução que o mundo passa, mas bem consciente também de que reinventar a roda tem consequências muito perigosas, e é exatamente isso que temos feito. Reinventando a roda, não queremos a essência passada pelas gerações, queremos um perfume novo, correndo o risco desse se transformar em apenas álcool por falta de ingredientes de qualidade.

Lembra que disse que não acredito em coincidências... essa é a segunda vez que escrevo o texto dessa semana... por inúmeros motivos a primeira versão não pode ser publicada, mas hoje entendo que realmente foi providencial, o texto precisava de uma versão mais light do meu desabafo.


#BoraRestabelecerNossaEssencia

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

169- Quem fala demais dá bom dia a cavalo

174- Abdômen

172- O que dizer de você?