13- Águas de março...






Os dias estão tão corridos que esquecemos de curtir a POESIA própria de cada estação.

Mesmo com nossas estações climáticas sofrendo alterações, devido aos constantes fenômenos naturais causados por nossas desobediências, elas têm um charme peculiar, algo que as diferencie e as torne ainda mais especiais.

No caminho para o trabalho, fazendo minhas entregas e contemplando o belo me assustei ao perceber que tínhamos entrado no mês de Março.. verão indo embora, outono se aproximando e como a natureza sinaliza com sua beleza única.

Uma tristeza tomou meu coração nos primeiros minutos... pensativa questionei o fato de caminharmos no automático, esquecendo de observar os pequenos detalhes e agradecer pelo dom da vida.... mas a tristeza logo foi embora, uma sensação maravilhosa tomou conta e uma brisa suave me envolveu, era uma resposta... o Criador dizendo de uma forma única... “Estou cuidando de vocês”.

Essa resposta foi como uma injeção de ânimo e tive a certeza de que não preciso caminhar no automático. Necessário é ter um olhar diferente para o que é comum e fazer a diferença... em todos os aspectos da vida.

Restabelecendo a rota em direção a Dias Melhores.

O que acha da idéia???


Àguas de Março – Elis Regina

É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é o laço, é o anzol
É peroba do campo, o nó da madeira
Caingá candeia, é o Matita-Pereira

É madeira de vento, tombo da ribanceira
É o mistério profundo, é o queira ou não queira
É o vento ventando, é o fim da ladeira
É a viga, é o vão, festa da cumeeira
É a chuva chovendo, é conversa ribeira
Das águas de março, é o fim da canseira
É o pé, é o chão, é a marcha estradeira
Passarinho na mão, pedra de atiradeira

É uma ave no céu, é uma ave no chão
É um regato, é uma fonte, é um pedaço de pão
É o fundo do poço, é o fim do caminho
No rosto um desgosto, é um pouco sozinho

É um estrepe, é um prego, é uma ponta, é um ponto
É um pingo pingando, é uma conta, é um conto
É um peixe, é um gesto, é uma prata brilhando
É a luz da manha, é o tijolo chegando
É a lenha, é o dia, é o fim da picada
É a garrafa de cana, o estilhaço na estrada
É o projeto da casa, é o corpo na cama
É o carro enguiçado, é a lama, é a lama

É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um resto de mato na luz da manhã
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração

É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto do toco, é um pouco sozinho
É uma cobra, é um pau, é João, é José
É um espinho na mão, é um corte no pé
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração

É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um belo horizonte, é uma febre terçã
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração

É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho

Pau, pedra, fim do caminho
Resto de toco, pouco sozinho
Pau, pedra, fim do caminho
Resto de toco, pouco sozinho

Pedra, caminho
Pouco sozinho
Pedra, caminho
Pouco sozinho
Pedra, caminho
É o toco...


 

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