164- Algodão doce
Um palito e grãos de açúcar em
grande velocidade geram a alegria da garotada. Nosso famoso algodão doce.
Quem nunca olhou para o céu e
colocou sua imaginação para funcionar tentando achar formas nos contornos
daqueles gigantes algodões doces??
Quem nunca ao saber que viajaria
de avião não deixou sua criança interior idealizar como seria o sabor daquela nuvem?
Quem nunca se dispôs a enfrentar
uma fila razoável para o carrinho do algodão doce com a desculpa de que seria para
um pequeno, quando na verdade era para satisfazer a sua própria vontade?
Quem nunca???
Sou da época (ai Jesus... entrega
demais a idade esta frase) em que passavam nas tardes de sábado pessoas
gritando “Ahh o algodão doce, já tá indo
embora” nas ruas do bairro.
Minha mãe nos confessou que por
vezes ela rezava para que nós não escutássemos o grito frenético, porque
ela não queria nos dar ou porque não tinha o valor no momento. Mas aqueles
gritos rompiam as barreiras e chegavam nos maiores interessados – as crianças.
E a gente respondia com o sorriso pronto e as mãos estendidas.
No fim de semana estivemos em uma
comemoração e nela tinha a famosa máquina. As crianças de hoje também curtem
essa guloseima, não é tão retrô assim. Os
nossos trazem seus palitos com a pequena nuvem para minha apreciação. É impossível
não sorrir e também não voltar ao
passado.
Eles escrevem a história deles e
eu continuo a escrever a minha, agora com uma nova leitura de um mesmo
movimento.
O vai e vem da vida é lindo.
Não terminaria a comemoração sem
passar pela fila do algodão... claro que não.
Estando nela, escuto de um dos
convidados a seguinte partilha “na nossa
época a gente não tinha algodão doce a vontade assim, serei uma eterna criança,
estarei sempre nas filas”.
Eu não conseguirei aproveitar dos
prazeres da vida que numa época eu não pude no dia de hoje. Mas eu consigo
aproveitar dos prazeres de hoje sendo grata por eles, lembrando que um dia isso
foi diferente.
A cada dia basta o seu cuidado
(Mt 6,34).
Foto de Vika Strawberrika na Unsplash
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