157- A cada dia basta o seu cuidado

 

Compreender a dinâmica no processo da vida pode nos parecer um mistério.

Uma grande parcela dos nossos dias nossas emoções estão controladas, os dias se não estão calmos, estão pelo menos amenos.

Temos dias de emoções intensas, radiantes, exuberantes. Que abastecem nossa existência com novos sentidos para viver.

E temos também nossos momentos de baixa. Aqueles em que a energia parece escapar pelos dedos sem depender de nós o controle.

No evangelho de São Mateus capítulo 6 versículo 34 Jesus nos deixa um recado – “A cada dia basta o seu cuidado”.

Quando tudo esta calmo, estamos sempre desejando algo maior. É admirável, esperado daquele que não se paralisa e que quer ir além. Uns louvam e outros se acomodam.

Quando os dias intensos de alegria chegam, acreditamos que é totalmente por merecimento. Que fomos bons o bastante diante aos olhos de Deus, por isso ganhamos a oportunidade. Uns louvam em agradecimento e outros se envaidecem.

E quando tudo foge ao nosso controle somos instigados a questionar. Por quê comigo? O que fiz de errado? Uns somatizam a dor e outros tentam tirar aproveito da lição dada.

E para cada momento -  “A cada dia basta o seu cuidado”.

Estou vivendo isso, o cuidado de Deus em minha pequenez.

Após um período de férias deslumbrante em família, conhecendo um pouquinho da Itália, retornei para casa com minha bagagem intelectual, espiritual abastecida de forma a transbordar (Digo eu, mas acredito que os demais comungam da mesma opinião).

Voltamos aos dias amenos. Seguindo os compromissos marcados nas agendas. Tudo dentro do script.

E eis que 30 dias depois estava eu sendo internada com uma dor intensa abdominal. Dias de investigação clínica, filho também passa mal, retorno para casa, dor diminui mas não passa, mais exames, consultas, crises de dor. Os dias seguem, a mente trai e começa a ter pensamentos ruins.

Nesse processo sempre escutava do médico que nos acompanha – “ você não esta sozinha”. Resposta às minhas orações.

Em uma das consultas ele me pede uma nova relação de exames com alguns que ainda não tinha feito. Bingo. O resultado deu-nos o diagnóstico. Sou intolerante à lactose.

Minha primeira reação foi de questionar “Como assim, no auge dos meus 43 anos surge essa novidade, o que fiz para isso aparecer??”

Fiquei chateada sim. Como boa mineira sou apreciadora de um bom leite, queijos, pães caseiros, bolos, tortas, manteigas, iogurtes ... tudo no mundo dos laticínios.

Mas quando a serenidade em mim pousou, a gratidão resplandeceu.

O diagnóstico poderia ter sido outro e foi esse, graças a Deus. Por 43 anos aproveitei bem, me alimentei sem restrições. Agora é um novo momento.

Porque “A cada dia basta o seu cuidado”.

Cada um tem uma história, uma fragilidade, uma fortaleza.

Na dinâmica da vida, uns dias estamos em alta outros em baixa, mas é preciso lembrar que para que a roda continue a rodar o seu motor precisa funcionar. O motor da nossa existência é a fé. Sem ela não conseguimos sair do lugar.

Que o Senhor cuide de nós.

Foto: Arquivo pessoal.