145- Eu e minha circunstância

 

"Eu sou eu e minha circunstância" é a parte mais famosa da frase "Eu sou eu e minha circunstância, e se não a salvo a ela, não me salvo a mim", de autoria do filósofo espanhol José Ortega y Gasset e publicada originalmente no introito de sua obra inicial, Meditaciones del Quijote, de 1914.

 

Quando se faz citação de um livro, um pensamento filosófico, subentende que o autor do texto tem pleno domínio do material exposto. Então desde já te informo que não o tenho.

Me interesso pelos assuntos relacionados à psicologia, mesmo sendo eu da área de exatas. E faço estudos paralelos nessa área que para mim é apaixonante.

Em um desses estudo essa frase me foi apresentada, isso já faz anos. E desde então, sempre que ela é citada gera em mim um incomodo, como uma coceira atrás das orelhas.

Até que em um determinado momento decidi descobrir o motivo do incomodo. Parei para ler, reler, refletir, digerir, analisar, questionar e então iniciar o entendimento.

Então quem sou eu??? Seria mais prático dizer que sou fruto do meio.

Mas essa frase vai além.

Ela me instiga a querer mais para mim e para os que estão ao meu redor.

Se eu sou eu e minhas circunstâncias, posso dizer qual caminho quero seguir.

O filósofo não diz que eu sou só eu e minhas lamentações ou minhas misérias. Ele afirma que existem circunstâncias, condições - conjuntos de fatores - ao meu redor. E se elas existem eu as posso escolher.

Posso fazer da pedra encontrada no caminho material para a construção de um ser melhor.

Interessante observar que quando minhas ações interferem também nas ações dos outros, eu amplio o raio das circunstâncias.

Incentivar os estudos, valorizar as virtudes do próximo, promover boas ações é dar ferramentas para que as condições sejam favoráveis.

Como dito anteriormente (outro texto) eu não me basto.

“...e se não a salvo a ela, não me salvo a mim.” Intensa demais a finalização dessa frase. Ao paralisar na afirmativa de que sou fruto do meio me procrastino com o que me é oferecido e bebo de uma água parada. Quando desejo o melhor para mim, estimulo a busca pelo que é precioso, movimento a minha pessoa e as circunstâncias que me rodeiam. A água que bebo é cheia de vida.

Termino esse texto desejando dias sedentos para você, de forma que a busca pelo novo e verdadeiro movimente o moinho da vida e sacie sua sede com doses diárias de sabedoria.

 

 

Foto de Nicolas Ruiz na Unsplash