122- Outro dia.
Outro dia pensando sobre os “causos”
que escuto e acolho de meus colegas/ amigos pausei em um que mexeu bastante
comigo. E partilharei com vocês.
Uma amiga multifacetada diante
tantos compromissos diários se viu angustiada por ter perdido seu celular. Muitas
eram várias as obrigações durante o dia e esse era o seu meio de ser presente
mesmo ausente com seus familiares. Depois de muito procurar em suas bolsas,
carro e lugares por onde passou, resolveu ligar para sua mãe informando o
ocorrido.
Ligada em alta voltagem como é
essa grande amiga, ao falar com sua mãe sua agitação não deixou espaço para que
ela também falasse, terminou a ligação pedindo a mãe para procurar em casa se o
aparelho celular dela tinha ficado.
“- Mãe, daqui a pouco retorno a ligação para
saber se a senhora achou, beijos.”
Continuou suas obrigações com a
anteninha ligada em sua perda.
Passaram os minutos combinados e
minha amiga retornou à ligação para sua mãe.
“- Mãe, conseguiu achar meu
celular? Tô precisando tanto dele, minhas obrigações todas estão no celular,
só sei o seu número de cabeça, se precisar ligar pro esposo não consigo...." (chorou litros em reclamações sem deixar sua mãe responder o primeiro questionamento.
Quando não mais conseguia falar precisou pausar para respirar e nessa pausa sua
mãe então respondeu)
“- Querida, você está falando
pelo seu celular. Tentei te falar isso quando ligou a primeira vez, mas você não
deu tempo e desligou.”
Um filme passou pela cabeça dela,
um mix de alegria e raiva, alguns segundos de silêncio e por fim o agradecimento.
Minha querida amiga pediu desculpas a sua mãe e a agradeceu por coloca-la exatamente
onde ela deveria estar.
Esse processo durou um dia
inteiro.
Enquanto eu ria desse “causo” me
ocupava do processo de higienização bucal (escovar dente no popular). De
repente me vi brava por não encontrar minha escova. Localizei a pasta, o fio
dental, mas não achava minha escova. Faço uma confissão por aqui – detesto perder
algo ou não encontrar rapidamente algo que necessito, me tira do sério. Minha
respiração mudou, uma angustia batia na porta quando então resolvi olhar para
minhas mãos. E lá estava ela, minha tão querida e procurada escova de dente.
Ufa... um sorriso amarelo surgiu
em meu rosto, como se eu tivesse reclamado publicamente e estivesse envergonhada
pela minha atitude.
Dei continuidade em meu processo
e meus pensamentos borbulhavam. Muitos questionamentos e algumas respostas.
Não sei qual foi a lição aprendida
por minha amiga, mas a minha eu sei.
Tenho levado a rotina dos dias no
piloto automático. Tantas obrigações, tantas necessidades, tantas urgências, tantos
planejamentos que não tenho conseguido viver o presente em sua plenitude. Meu
olhar foi longe procurando pelo meu item perdido, gastei energia e no final ele
estava preso em mim.
A escova de dente foi um exemplo bem pequeno, um puxão de
orelha delicado do Criador.
O que tenho feito dos meus dias? Em
que centralizo meu olhar? Estou por inteira em minhas obrigações ou o corpo está
em uma atividade e a mente em outro? O mesmo vale para meus relacionamentos.
Fica aqui essa breve reflexão. Você
tem procurado por coisas, pessoas, momentos, sentimentos, respostas sem
perceber que elas estão a todo momento ao seu lado?
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