71- Pensamentos
Outro dia
bateu uma certa nostalgia... saudade de pessoas, de momentos, de tempos, de
costumes, de comportamentos. Tempo bom.
Quando a
palavra câncer não fazia parte dos assuntos diários. Existia tanto respeito
(receio) no pronunciar o nome da doença. Era chamada de “Doença Ruim”. Não era
comum alguém com ela entre nossos contatos.
Escola;
Professor
detinha a máxima autoridade. Desrespeitar algum deles era certeza de uma reunião
com os pais e equipe pedagógica.
Os pais
mandavam seus filhos para escola bem vestidos, não digo vestido com roupas
caras, mas com o uniforme passado, limpo, no seu formato original. Todo mundo
de tênis ou no máximo sandalhinhas fechadas.
Maquiagem?
Somente batons. Não via no meu tempo crianças preocupadas em imitar algum popstar.
Local de
aprender, de fazer amigos, dentro de uma grade específica para cada idade. Não
havia muitas exigências para uma construção intelectual de um currículo com
várias especialidades.
Vestes;
Não era comum
encontrar com mulheres com pouca roupa fora de clubes, mesmo que seja um
“pudor”, com raridade éramos surpreendidos com alguma mulher com trajes por
demais sensuais.
Tatoons... não
era frequente ver pessoas com os corpos fechados por imagens. Os que tinham,
suas imagens os direcionavam para alguma “tribo”, as pessoas gostavam de sua
singularidade;
Uma conversa
com pessoas mais velhas sempre eram iniciadas pelo pronome de tratamento
“Senhor/ Senhora”;
Pedir
“Benção”, algo normal;
Respeitar a
decisão dos pais com seriedade (mesmo não aceitando);
Os pais
conheciam os amigos e suas famílias.
Os pais podiam
corrigir seus filhos sem o receio de serem hostilizados. A opinião do outro com
relação à forma com que se educava em casa não era tão importante. O que é
certo é certo e o que é errado é errado, pronto, simples assim. Sem muitas
relatividades.
Envergonhar ou
Desonrar pai e mãe era ter uma filha grávida solteira.
Bulling? Não
existia o uso indiscriminado dessa palavra. Todos passaram por momentos de
constrangimento, pela cor, pelo peso, pelo tipo de cabelo, pelos dentes, pelos
óculos, por inúmeros outros itens. Ninguém matava ou morria por isso, havia a
chateação, que algumas vezes virava piada e outras mágoas profundas. Não
virávamos vitimas com tanta facilidade. A família tinha um papel fundamental nesse processo.
Relacionamentos
iniciavam e acabavam. Uns seguiam suas vidas sem muitos traumas, outros levavam
consigo dores profundas. Na maioria dos casos as pessoas conseguiam terminar e
ter sua decisão aceita, não havia homicídios para justificar o não aceite da
decisão do outro.
Não era
freqüente encontrar adolescentes bêbados pelas esquinas, ou frequentando bocas
de fumo, sendo mortos por dívidas de drogas ou brigas de gangues. Frequentar
eventos altas horas da noite era permitido somente para maiores de 18 anos. Não
davam sorte ao azar.
As famílias se
reuniam mais em oração, independente da religião. Criança vai sim para a
igreja, mesmo que não entenda muito que esta acontecendo, elas estavam lá. A
televisão não ocupava o lugar. Era uma obrigação. As pessoas usavam suas
melhores roupas (roupa de ver Deus), se preocupavam com isso.
As pessoas
tinham sim seus ídolos, mas não faziam disso regra de vida. Não existiam muitas
imitações de “Barbie”.
Os corpos não
eram perfeitos e as pessoas não eram menos felizes por isso.
Segredo de
adolescente era no máximo as escritas de um diário com uma chave pequena.
Sentar na
calçada para conversar era tão prazeroso.
Relacionamento
com os vizinhos era levado para toda a vida. Amigos da vida.
Telefone tinha
a função exclusiva de ligar uma pessoa de com outra. Não tinha o poder de
isolar, de criar um mundo imaginariamente perfeito.
Restrições
alimentares eram exclusivamente para atender alguma necessidade. Não por
modismo.
Homossexualismo
sempre existiu. As pessoas respeitavam ou ignoravam a opção do outro.
Discriminação “velada”.. pode ser. Mas
ninguém era obrigado engolir goela abaixo as imoralidades.
Cultura.. era
sinônimo de algo que vem para agregar, para deixar uma mensagem positiva, que
ensine, que possa admirada. Música houve muitas ruins, sem conteúdo, mas era
uma minoria... como estamos hoje?
Em uma das
rádios de minha cidade existe um programa chamado “Good Times”, onde passam
músicas antigas. Fico pensando, quando
for a época dos meus filhos de escutarem esse tipo de programa, o que passará?
Sentirão prazer em ouvir as músicas que passavam em sua infância?
Sexo... algo
sagrado que esta sendo banalizado por todos os lados, por toda as mídias.
Vulgarizamos algo tão bonito.
Liberdade ou
libertinagem? Atendendo o clamor por liberdade estamos perdendo o sentido das
coisas.
Vou me valer
da frase “As clinicas psicológicas estão cheias porque as igrejas estão vazias”
Penso que as
pessoas eram mais felizes em um passado não muito distante. Eram mais
originais, com mais personalidade. Vejo que hoje com os dias cheios, a correria
– casa, família, trabalho, estudo – nos deixou mais vulnerável para sermos
fantoches em um mundo cheio de contradições. O relativismo tem corrompido nossa
essência. Mesmo com tantas ocupações nos tornamos pessoas vazias.
Ando pela rua
e vejo pessoas feito um lote de bonecos, iguais.
São tantas as
tecnologias que nos aproximam do mundo que perdemos o contato com quem esta ao
nosso lado.
Retrógrada??
Será?... só penso que a tão falada evolução humana não nos tem feito pessoas
melhores.
Tantas são as
saudades... nem foi possível pontuar todas..
Não existe uma
lógica no texto.. uma ordem cronológica... uma regra obedecida. São somente
linhas de um desabafo. Porque penso que não podemos nos calar diante a tanta
coisa “estranha” acontecendo. Você não é obrigado(a) a concordar e ele não foi
escrito para criar algum tipo de discussão. Talvez uma oportunidade de
“sacudir” um pouco a poeira que cega nossos olhos e nos fazer refletir sobre o
que sentimos saudade dentro de nossa história.
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