121- Senta que lá vem história.





Os três porquinhos

Era uma vez uma feliz família de porquinhos que tinha três filhos. Os porquinhos foram crescendo e os pais notavam que estavam muito dependentes. Não ajudavam no trabalho de casa nem se esforçavam em nada. Então um dia, eles se reuniram e decidiram que os porquinhos, que já estavam bem crescidos, fossem morar sozinhos. Os pais deram um pouco de dinheiro a cada um, alguns bons conselhos. Os três porquinhos partiram para o bosque em busca de um bom lugar para construir, cada um, a sua casa.
O primeiro porquinho, que era o mais preguiçoso de todos, foi logo optando por construir uma casa rápida e que não necessitasse muito esforço. E construiu uma casa de palha, embora os seus irmãos lhe tenham dito que não era segura.
O segundo porquinho, que era menos preguiçoso que o primeiro, mas que tampouco gostava de trabalhar, construiu uma casa de madeira, porque pensava que era mais prática e resistente.
O terceiro porquinho, o mais sensato de todos e mais trabalhador, preferiu construir uma casa de tijolos. Demorou mais para construí-la, mas depois de três dias de intenso trabalho a casa estava prontinha.
Os três porquinhos ouviram falar que um perigoso lobo rondava pelo bosque. E não demorou muito para que aparecesse pelas suas casas, em busca de uma boa carne de porco para comer.
O lobo então foi bater na porta da casa do primeiro porquinho. O porquinho, tentando intimidá-lo disse:
– Vá embora seu lobo. Aqui você não vai entrar.
O lobo insistiu e disse:
– Abra logo esta porta ou soprarei e soprarei e a sua casa destruirei.
Vendo que o porquinho não abria a porta da casa, o lobo começou a soprar e soprar tão forte que a casa de palha voou pelos ares. O porquinho, desesperado, acabou correndo em direção à casa de madeira do seu irmão. O lobo correu atrás dele, mas não conseguiu alcançá-lo.
O lobo então foi bater na porta da casa do segundo porquinho. O porquinho, tentando intimidá-lo disse:
– Vá embora seu lobo. Na minha casa de madeira você não vai conseguir entrar.
O lobo insistiu e disse:
– Abram logo esta porta ou soprarei e soprarei e esta casa destruirei.
Vendo que os porquinhos não abriam a porta da casa, o lobo começou a soprar e soprar tão forte que a casa de madeira caiu e ficou em pedaços. Os porquinhos, desesperados, acabaram correndo em direção à casa de tijolo e cimento do outro irmão. O lobo correu atrás deles, mas não conseguiu alcançá-los.
O lobo então foi bater na porta da casa do terceiro porquinho. Os porquinhos tentando intimidá-lo cantaram:

Quem tem medo do lobo mau
Lobo mau, lobo mau?!
Quem tem medo do lobo mau?!
Ele é um cara legal!

O lobo ficava cada vez mais furioso e gritou:
– Abram a porta, já!!!
E os porquinhos responderam:
– Vá embora seu lobo. Você não conseguirá derrubar esta casa porque está feita com tijolo e cimento.
O lobo insistiu e disse:
– Abram logo esta porta ou soprarei e soprarei e esta casa destruirei.
Vendo que os porquinhos não abriam a porta da casa, o lobo começou a soprar, soprar, soprar, e a casa continuava inteira no seu lugar. O lobo ficou tão cansado que acabou sentando-se ao pé da porta para descansar. Enquanto isso, pensou e pensou em como entrar na casa e teve uma ideia. Foi buscar uma escada para subir ao telhado da casa e entrar na casa pela chaminé. Os porquinhos, vendo o que tramava o lobo, reagiram logo. Puseram a ferver um balde enorme de água, e o colocou no final da chaminé e esperaram.
Quando o lobo entrou na chaminé, caiu bem dentro do balde cheio de água fervendo.
– Uai, uai, Uaiiiiii!!!!!!!! Gritou o lobo, saindo correndo ao lago para aliviar as suas queimaduras e assustado, nunca mais voltou a molestar os porquinhos.
E quanto aos porquinhos, aprenderam a lição de que tudo o que é feito com esforço tem melhor resultado. Os três porquinhos decidiram morar juntos e todos viveram felizes e harmonia.

 ***

Historinha linda não é mesmo? Inúmeras foram as vezes que ouvimos e contamos para algum pequeno, fazendo gestos e mudando a voz.

Em um desses dias de férias nossos pequenos pediram para assistirem ao desenho na TV e queriam que eu os acompanhasse. Confesso que quando eles me pediram a atenção respondi com um - “A mamãe não pode, enquanto vocês assistem mamãe vai fazer o almoço”. O mais velho com um olhar carinhoso então disse “Mamãe, será rapidinho”. Não tive mais argumentos.
Sentei-me com eles no tapete e iniciamos o vídeo. Busquei por algum que mais se aproximava da narrativa original e felizmente encontrei.

Durante o tempo muitas foram as risadas e perguntas dos pequenos e em mim algo novo surgiu. O que teria como função pedagógica infantil se tornou lição para a minha vida.

Quando nascemos temos várias opções de caminho a seguir. E só depende de nós a escolha. A nossa formação familiar, social, econômica, cultural servem sim como peso para nossas decisões, mas não existem regras. As escolhas feitas para minha vida só dependem de mim.

E no momento que a historinha passava pelas casas dos 3 porquinhos eu me via em situações em que eu era um dos personagens. Começavam então os questionamentos.

Em quais momentos de minha vida eu fui preguiçosa? Escolhi o caminho mais fácil, tentei enganar aos outros me enganando primeiro. Achei que estava sendo esperta e que poderia aproveitar mais o tempo restante me ocupando de coisas mais interessantes, momentâneas e sem profundidade.

Um filme passou em minha mente. Vários foram os momentos e muitos foram os ventos que sopraram, sopraram e sopraram até que minhas casinhas se desfizessem. Minhas casinhas até que eram bonitinhas (kkkkk), mas não tinham estruturas. Após o vento passar caíram e deixaram como recordação somente a tristeza de ver tudo caído pelo chão. E assim como na historinha, não era possível reconstruir, o lobo (as dificuldades) estava louco de fome e precisava rápido de uma refeição.

Felizmente consegui entender que definitivamente eu não serviria como seu prato principal. Devo isso as minhas formações familiares, pessoais e afins.

Restava então correr para o abrigo mais próximo... Ufa. Me senti protegida, acolhida e feliz. Não procurei saber se a casa foi feita com boas estruturas, ela era bonita e isso bastava.

O lobo então nos encontra novamente. Começam suas investidas. Tudo fica complicado. Só então fico sabendo que a casa também não tem estrutura. O medo se aproxima e com ele o vento aparece soprando, soprando e sobrando até derrubar a casinha. O que resta??? Correr e correr até um abrigo seguro.

Conseguimos (eu e todos aqueles que por algum motivo me acompanharam na vida). E para nossa surpresa o abrigo seguro era a casinha daquele/ daquela pessoa que em algum momento foi criticada por mim e por outros por querer mais da vida, por se esforçar mais, por se distrair de menos, por ser concentrado/ concentrada, por se conter mais nas palavras ditas e querer mais conhecimentos profundos.

Não é por ter uma estrutura boa que esse abrigo passará desapercebido pelo vento. Pelo contrário, muitos são os ventos que sopraram e muitos outros que soprarão, mas quem ali dentro estiver se sentirá seguro (mesmo que em alguns momentos temam  - por ser humano demais e faltar uma dose generosa de fé) porque a casa foi feita sem pressa, com bases fortes, o construtor investiu tempo e bons materiais e não cairá.

Quantas são as vezes que queremos ter uma mansão. Construímos castelos internos. Muitos amigos, muitos eventos, muitas marcas, muitos livros e muitas receitas prontas de vida. Queremos mostrar para quem nos observa que somos muita coisa. O que acontece? Na primeira ventania tudo cai por terra. Nossa construção foi feita com pressa, sem bases fortes e com materiais baratos.

E quantas são as pessoas que se ocuparam com a construção de sua simples casa. Se ocuparam com os detalhes, escolheram bons materiais e investiram tempo na execução de sua construção interna. A ventania até os incomoda também, algumas telhas saem do lugar, a pintura externa fica suja, mas elas não se preocupam. Suas estruturas são boas demais, não ficarão sem abrigo. Quando o perigo se afastar conseguirão ajustar o que estragou e até mesmo dar continuidade em seu processo de construção.

Refletindo no decorrer dessa historinha é possível entender que realmente somos resultado de nossas escolhas.

Quem sou eu na construção do meu castelo interior? O porquinho preguiçoso ou o trabalhador?

Qual personagem mais se aproxima de sua realidade?

#tresporquinhos #historiasdavida #reflexoes #restabeleca #quemsoueu



Photo by Annie Spratt on Unsplash

Comentários

Unknown disse…
Maravilhosa essa reflexão! Muitas vezes buscamos o caminho mais fácil, mais rápido e sofremos com as consequências!
Hathyelle disse…
Muito obrigada pelo retorno.
Pagamos um preço alto por nossas escolhas, principalmente as erradas.
Ivaldete disse…
É, realmente nossas escolhas certas ou erradas servem para refletirmos e mudar, Deus nos deu livre árbitro , se usarmos com sabedoria podemos mudar nossa história de vida. Esses porquinhos nos mostram nitidamente que as ESCOLHAS são as nossas realidade do amanhã.

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